Tenho medo do rumo da nossa profissão, de músicos em geral, ontem fui num recital maravilhoso, com peças "inéditas", resgatadas recentemente de um compositor brasileiro, Glauco Velásquez, compositor do início do século XX que estava antenado com as tendências composicionais de sua época. Peças com poemas lindos e com uma escrita musical primorosa.
Quanto aos intérpretes, só tenho a elogiar, as peças difíceis e exigentes em diversos aspectos, foram perfeitamente apresentadas por Marcia Guimarães e Eduardo Oliva com interpretações consistentes e lindas, muito bem cantadas pela voz maravilhosa da soprano.
O que me fez temer, não veio do palco e sim o lado oposto a ele, o público! Um recital bem divulgado, de entrada gratuita, dentro de uma universidade, e o pior de tudo, dentro do campus de música desta universidade, estava praticamente vazio. Pouquíssimos alunos apareceram, uma grande tristeza e perda da cultura musical oferecida pelos profissionais acima.
Se com uma grande voz dessas, bem reconhecida no meio musical, de trabalho consolidado, acontece algo assim, o que dirá de nós iniciantes, estudantes, que estamos começando a entrar na cena musical, procurando uma forma de ingressar na carreira mais ativamente?
Ainda bem que, mesmo que poucos, ainda há aquele bom ouvinte que não procura apenas consumir ou se entreter, rever as mesmas obras ouvir os mesmos compositores, mas sim busca novo conhecimento, peças novas, mais bagagem cultural e o frescor de ouvir ou ver obras pela primeira vez ou mesmo reve-las e deslumbrar-se com as recentes descobertas que aquela Arte pode nos oferecer.
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